“Não basta ser pai, tem que participar.”

 

Esse ditado antigo é validado por pesquisas que mostram como a presença paterna é fundamental para o desenvolvimento da criança. Em uma pesquisa recente, 88% dos homens brasileiros declararam que ser um um bom pai significa participar ativamente da rotina dos filhos. Mas a prática no Brasil está distante disso. Aqui, a criação dos filhos ainda fica a cargo das mulheres. Mais de 80% das crianças de até 4 anos têm como primeira responsável uma mulher – mães, avós, mães de criação ou madrastas.

Será que os homens estão conseguindo transformar essa realidade? Um dado pode indicar a resposta: 40% da audiência de vídeo de cuidados infantis no Youtube é do sexo masculino. Para investigar esse cenário e entender quais são as oportunidades para promover uma paternidade mais ativa, conversamos com três pais que viram na plataforma um espaço para compartilhar a alegria (e os dilemas) da paternidade.

Com o filho, nasce a vontade de fazer diferente?
Recentemente, quando a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinta Ardern, ganhou sua primeira filha, seu companheiro e pai da menina, o apresentador de TV Clarke Gayford, decidiu ficar em casa para cuidar da bebê em tempo integral, enquanto a mãe voltaria ao trabalho.

Fatos como este fogem do padrão e trazem à tona a discussão sobre como os pais podem ser mais ativos. Esse caso específico ilustra bem um dilema novo no universo masculino: para dividir as funções de maneira igual com as mães, os pais estão encarando preocupações que antes eram só das mulheres, como a decisão de deixar ou não o trabalho de lado em nome dos filhos.

Para Marcos Piangers, que é pai de duas meninas e criador de vídeos que chegam a ter 650 mil visualizações no YouTube, “O homem era visto como o provedor e a mulher como a cuidadora principal. O que acontece na nossa geração é o início desta percepção do homem como potencial cuidador.”

Nesse contexto, o acesso à internet como ferramenta de busca e discussão, especialmente quando falamos de comunidades criadas a partir de vídeos, torna-se um recurso muito valioso. Não só como fonte de consulta para os novos pais, mas para abrir possibilidades de ouvir e contar histórias que sirvam como outros modelos possíveis, fugindo da rigidez das gerações anteriores.

Um olho na tela, outro no bebê

Pedro de Oliveira criou o canal S.E.R. Pai em 2015. Os vídeos trazem histórias do próprio Pedro e de outros homens falando, de peito aberto, sobre dúvidas, angústias e dificuldades comuns de quem decide explorar a paternidade com coragem e sem tabus.

 

“Quando o S.E.R. Pai começou, éramos poucos falando abertamente sobre amizade, sexo,

medo, depressão e abraçando a paternidade ativa.”

– Pedro Dias de Oliveira, pai e criador do canal S.E.R. Pai

 

“Uma vez me falaram uma frase engraçada; nasce um bebê, nasce um blog de mãe. Isso significa que as mães buscam informações na internet e querem compartilhar essas informações com outras mães”, complementa Piangers, afirmando que os homens ainda têm muita dificuldade para falar dos temas relacionados à paternidade.

Thiago Queiroz, pai de dois meninos e criador do canal Paizinho, Vírgula!, vê o YouTube como a ferramenta ideal para trazer mais homens para essa conversa, criando vídeos que promovem identificação e quebram barreiras. “Foi ali que eu consegui acessar mais os pais, de um jeito mais leve, divertido, mas também informativo.”

 

Compartilhando inseguranças e aprendizados

Mas essa transição não é fácil. Se a masculinidade está em fase de revisão, a paternidade é um belo catalisador. Ser pai é causa de inquietações, inseguranças e muitas, muitas dúvidas.

Thiago Queiroz diz que é comum ouvir pais angustiados por sentirem que não se encaixam em nenhuma das expectativas. “A sociedade não está pronta e não aceita bem um pai que quer estar perto dos filhos e criar seus filhos de forma ativa e afetiva. No mercado de trabalho, o pai não é visto com bons olhos se precisa sair mais cedo para socorrer o filho na escola, ou se precisa acompanhar uma consulta médica.”

No Youtube, nas trocas geradas a partir de conteúdo e interesses comuns, a conexão com outros pais acontece pela experiência. Eles dividem relatos que ajudam a entender e a lidar com essas inseguranças.

“Não sou professor, psicólogo, pedagogo. Tudo o que aprendi foi na prática”, diz Marcos Piangers. “Essa noção de que estamos todos no mesmo barco, que estamos todos aprendendo juntos, errando e tentando acertar, é a coisa mais bonita de ver sendo construída nessas comunidades de novos pais na internet.”

E, como em toda comunidade, a mensagem que fica, de acordo com o criador do Papai Pop, é de incentivo.

 

“Pais afetuosos são mais felizes. E isso não faz deles menos homens.”

– Marcos Piangers, pai e participante do canal Marcos Piangers

 

Para marcas: agindo a favor da paternidade ativa

Transformar homens em pais melhores é uma missão sem contraindicações. Como diz Piangers: ”As crianças crescem muito mais completas com um pai participativo. É um movimento em direção a felicidade do próprio homem.” Como é que as marcas podem, então, explorar as oportunidades para criar conexões verdadeiras com os pais e dar seus passos em direção a essa mudança positiva? Extraímos alguns aprendizados com os nossos Pais YouTubers.

1 – Pai é pai o ano inteiro

E a tendência é que isso seja cada vez mais verdade. Então, não adianta lembrar deles só nos flights de agosto. “Isso faz parte da mudança que estamos vivendo na paternidade como um todo”, defende Thiago Queiroz. Se o assunto é criação de filhos, em qualquer época, não tem desculpa para não incluir pelo menos um olhar paterno sobre o tema na sua campanha – desde o planejamento até a execução.

2 – Ações falam mais do que palavras

Incentivo é sempre bom, especialmente quando falamos de desvendar novos territórios.  Mas o que faz a diferença mesmo é inspirar, promover e incentivar a transformação na prática. A Bepantol instalou trocadores de fralda em banheiros masculinos para facilitar a vida dos pais e – claro, para lembrar todo mundo de que pais também trocam fraldas. Novos pais estão ávidos por novas informações. Que conteúdo sua marca pode produzir e entregar para ajudá-los? Entenda a jornada dos pais com quem você quer falar e questione: como a sua marca pode impactar efetivamente a rotina deles e quebrar estereótipos?

3 – Promover mudança vai além da comunicação

Se você está atento às discussões sobre representatividade e diversidade, essa dica entra na categoria “old but gold”. Retratar pais participando de maneira ativa da criação dos filhos é importante, mas ganha muito mais peso quando não fica restrita apenas ao discurso. Piangers conta que, em uma negociação recente, descobriu que a empresa em questão oferecia 4 meses de licença paternidade aos funcionários. “Isso fez toda a diferença para decidir participar da ação. É uma marca assumindo um papel transformador.” Isso conquista as pessoas.

 

4 – Pais ativos, sim, mas sem confete

Se você vai retratar pais na sua campanha, é melhor fazer isso com naturalidade. Isso passa por desviar-se das armadilhas dos lugarescomuns e clichês. Exemplo? Aplaudir os homens apenas por fazerem o que muitas vezes é o mínimo, ou que as mulheres já vêm fazendo desde sempre, pode passar a mensagem errada. E quando o assunto é paternidade, mostrar um pai real, que pode ter angústias ou que pode falhar, é uma maneira de oferecer suporte aos homens, reforçando a ideia de que a paternidade ativa é também uma paternidade humana e possível.

 

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